segunda-feira, 31 de agosto de 2009

O Monopólio da Verdade

O Louco cai na dúvida
Afinal, se nao sabemos o que somos
Sabemos cada vez melhor o que não somos.
Foge. O Louco foge.
Foge do pronto a pensar
E encontra o inverso do saber.
É o preço da liberdade!
Recusa-se a compreender futuro
Em beneficio de presente.
Duvida. O Louco duvida.
Duvida do ser e do estar,
Do ínicio e do fim.
Joga com incertos dados viciados
E ganha.
Ganha sempre.
O Louco teme.
Teme a verdade e sua falta,
Mergulhando cegamente
Na imprudência de a achar.

Quase-preto no quase-branco,
O Louco sabe-a.

"Nenhuma das religiões tradicionais me parece ter o monopólio da verdade."
(Hubert Reeves)

sábado, 29 de agosto de 2009

Tintos violinos

Soltem-se os tintos violinos,
As notas desalmadas
E os compassos apressados.

Que se afoguem os suspiros
D'almas lavadas em choro e,
Nesse uníssono de amor-ódio,
Matemos a besta!

Matemos a melodia que nos quer matar!
Matemos o tormento em sons agudos
Para que dele somente reste a memória.

Tons agitados, lentos, apressados, pausados, parados.

Nessa loucura sonora,
Dança o pecador,
Salva-se o culpado.

Silêncio.

Que se não julgue a doença, mas a cura.
Somente a cura, a origem de todo o tormento.

Silêncio.
Soltem-se os tintos violinos, matemos a besta!